Carros chineses podem levar Nissan a vender elétricos no Brasil

Nissan

A Nissan está estudando lançar veículos chineses no Brasil como parte de sua estratégia para ampliar o portfólio de carros elétricos e híbridos. A iniciativa reflete a busca da montadora por preços mais competitivos em mercados emergentes, aproveitando a produção otimizada feita em parceria com fabricantes chineses.

Em entrevista durante o Salão de Tóquio ao Quatro Rodas, o CEO global da Nissan, Ivan Espinoza, afirmou que há interesse em exportar carros chineses para países do hemisfério sul, incluindo o Brasil. Um dos destaques do evento foi o Nissan N7, sedã elétrico desenvolvido em parceria com a Dongfeng, que serve como modelo de referência para medir o interesse dos mercados internacionais.

O Nissan N7 já foi flagrado em testes no Brasil, indicando que seu lançamento pode estar mais próximo do que aparenta. O sedã elétrico tem dimensões generosas para um modelo médio: 4,93 metros de comprimento, 2,91 m de entre-eixos, 1,89 m de largura e 1,48 m de altura. Na China, o preço inicial é de 119.900 yuans (cerca de R$ 76.000), tornando-o uma das opções mais acessíveis do segmento de elétricos médios. A versão básica oferece motor de 218 cv e bateria de 58 kWh, enquanto a versão topo de linha promete até 635 km de autonomia pelo ciclo CLTC, com bateria de 73 kWh.

No Brasil, estima-se que o N7 possa chegar por pouco mais de R$ 200.000, preço competitivo diante do Sentra mais caro atualmente disponível, que custa cerca de R$ 195.000. O modelo se mostra praticamente inviável de ser substituído pela nova geração do Nissan Leaf, já lançada na Europa, EUA e Japão, mas ainda distante do mercado brasileiro.

Otimização da produção e realocação de fábricas

A Nissan passa por um momento de reestruturação global, com fechamento de algumas fábricas e redução de fornecedores para otimizar operações. No Brasil, a produção do Nissan Kicks na fábrica de Resende (RJ) atende a exportações para mais de 20 países. No México, a primeira geração do Kicks deixará de ser produzida com o fechamento de duas fábricas.

A picape Frontier também teve a produção interrompida em Santa Isabel, na Argentina, e será transferida para uma nova fábrica no México. O futuro da Frontier no Brasil depende de como impostos e regimes de importação impactarão os preços. Uma alternativa estudada é trazer a Frontier Pro, híbrida plug-in, da China, seguindo o modelo da BYD Shark.

O Nissan Frontier Pro combina motor 1.5 turbo a gasolina com motor elétrico, entregando 415 cv e 81,57 kgfm de torque. A transmissão é automática DHT e, no modo elétrico, o veículo pode rodar até 136 km, enquanto a autonomia total ultrapassa 1.000 km. Desenvolvida pela Dongfeng, a picape tem 5,52 m de comprimento, 1,96 m de largura, 1,95 m de altura e 3,30 m de entre-eixos, comparada aos 5,26 m e 3,15 m do modelo atual.

Espinoza enfatiza que a Nissan está alinhando sua estratégia de portfólio, produção e parcerias internacionais para manter competitividade e oferecer soluções acessíveis em segmentos elétricos, híbridos e de picapes no Brasil.

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