A Black Friday já não é mais uma data concentrada em apenas um dia e o comportamento do consumidor confirma essa mudança. Um levantamento da Linx, empresa especializada em tecnologia para o varejo, mostra que o aquecimento das promoções no início de novembro está impulsionando o comércio digital. Na primeira semana do mês, as vendas em marketplaces registraram alta de 12% em comparação com o mesmo período de 2024, sinalizando que o período promocional se espalhou por todo o mês.
Além do avanço nos marketplaces, o estudo destaca o crescimento expressivo do social commerce. Entre maio e outubro de 2025, as vendas em novas plataformas digitais aumentaram 590%, consolidando esse modelo como um dos principais canais de conversão. Segundo Daniel Mendez, diretor-executivo de E-commerce da Linx, “os grandes canais digitais vêm se preparando há meses para a Black Friday, oferecendo benefícios tanto para os vendedores, com comissões menores e maior visibilidade, quanto para os consumidores, que encontram frete grátis e descontos atrativos”.
O movimento de digitalização também ganhou força entre pequenos e médios varejistas. De acordo com a Linx, 9,9% das lojas físicas passaram a vender online em 2025, e as vendas digitais desse grupo cresceram 7,3% entre janeiro e outubro, frente ao mesmo período do ano anterior. Para Rafael Reolon, diretor de Retail da Linx, a Black Friday se tornou um laboratório importante para que esse segmento teste novos canais, como marketplaces e social commerce. “O varejo físico vem se tornando mais estratégico. O uso de ferramentas de incentivo, como cashback e programas de fidelidade, cresce a cada ano”, afirma.
Os dados também revelam um uso maior de promoções como alavanca de vendas: 32,9% das compras entre julho e outubro de 2025 foram feitas a partir de ofertas, ante 25,6% no ano anterior. No mesmo período, 33% mais varejistas passaram a adotar soluções de fidelização, embora apenas 6% utilizem essas ferramentas de forma totalmente integrada ao sistema da loja.
Segundo Cláudio Alves, diretor de Enterprise da Linx, o próximo passo será impulsionado pela Inteligência Artificial. “A IA vai transformar a percepção do consumidor sobre cashback, tornando-o personalizado de acordo com os desejos de compra de cada cliente. Essa é uma tendência para este ano, mas será uma das grandes forças do varejo em 2026”, explica. A tecnologia deve ampliar a assertividade das ações promocionais e fortalecer a estratégia de relacionamento.
Nas grandes redes, a preparação para o período promocional tem foco em previsão de demanda e integração entre canais. “A Black Friday deixou de ser um momento de queima de estoque e se tornou um período estratégico de planejamento. A IA vem sendo usada para prever demanda por canal e apoiar decisões de abastecimento”, destaca Alves. Ele aponta ainda o investimento em centros de distribuição mais eficientes e no avanço da prateleira infinita, que registrou aumento de 48% nas vendas em outubro.
Para Alves, o sucesso da Black Friday depende de uma operação genuinamente omnichannel. “A jornada do consumidor não começa e termina no mesmo canal. Ele pesquisa no celular, visita a loja e finaliza a compra online. O varejista precisa garantir uma experiência fluida entre o físico e o digital para capturar todo o potencial da Black Friday”, conclui.



