Projeto Laneshift e-Dutra acelera eletrificação de caminhões no Brasil

Laneshift e-Dutra

O Brasil deu um passo decisivo rumo à eletrificação do transporte de carga. Na última segunda (11), durante a COP 30, em Belém, foi anunciado o Laneshift e-Dutra, projeto que reunirá 17 empresas, entre elas a Volkswagen Truck & Bus, subsidiária do Grupo TRATON, para implantar caminhões elétricos e infraestrutura de recarga ao longo do corredor Rio de Janeiro–São Paulo, um dos mais movimentados do país.

O objetivo é colocar 1.000 caminhões elétricos em operação diária até 2030, com potencial de expansão nos anos seguintes. O impacto ambiental também é expressivo: o projeto pode evitar 75 mil toneladas métricas de CO₂, o equivalente às emissões de mais de 16 mil automóveis a combustão.

“Este é um primeiro passo crucial para descarbonizar o sistema de transporte de carga no Brasil. Os fabricantes precisam ir além da produção dos caminhões — devem investir em infraestrutura, capacitação de frotas e colaboração com reguladores para tornar a eletrificação a escolha mais fácil e competitiva”, Clemente Gauer, coordenador de Segurança da Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE).

A iniciativa está alinhada ao Acordo de Paris e ao Memorando de Entendimento Global (MOU) sobre transporte sustentável, servindo como modelo escalável para outras rotas no território nacional. Em um momento em que o Brasil se posiciona como protagonista climático na COP30, o projeto reforça o papel estratégico do país na transição para um transporte de carga com emissões zero.

Parceria entre indústria e governo define novo padrão de sustentabilidade

Segundo a Gigantes Elétricos (coalizão de organizações da sociedade civil dedicada à eletrificação do transporte de carga), o projeto demonstra como a colaboração entre governo e indústria pode acelerar a adoção de tecnologias limpas.

“O Laneshift e-Dutra mostra o que é possível quando indústria e governo trabalham juntos para superar as barreiras à eletrificação de caminhões. A maior parte do transporte de carga ao longo do corredor Sul–Sudeste já opera dentro do alcance dos caminhões elétricos disponíveis atualmente, tornando viável a adoção em larga escala agora”, destacou a coalizão em nota.

O grupo reforça que, para alcançar esse potencial, é necessário investimento além da fabricação dos veículos, envolvendo o desenvolvimento de infraestrutura de recarga, cadeias de fornecimento de baterias responsáveis e o respeito ao consentimento livre, prévio e informado (CLPI) de comunidades afetadas.

“Com as políticas certas para gerar segurança de mercado, o Brasil pode liderar o caminho no transporte de carga com emissões zero”, conclui a nota.

“Os fabricantes têm um papel decisivo nessa transição. Não basta vender modelos elétricos; é preciso criar redes de recarga, sistemas de manutenção e parcerias com operadores logísticos. O sucesso do Laneshift e-Dutra depende desse compromisso compartilhado para superar juntos as barreiras do mundo real”, Adilson Vieira, coordenador da Rede de Trabalho Amazônico (GTA).

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