A cobrança da chamada “taxa das blusinhas”, imposto de 20% sobre produtos comprados em sites internacionais, tem provocado um recuo expressivo nas compras online de itens importados. Segundo a nova edição da pesquisa Retratos do Brasil, encomendada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) à Nexus e divulgada nesta segunda-feira (27), mais de um terço dos consumidores brasileiros desistiu de adquirir produtos de plataformas estrangeiras desde que o imposto entrou em vigor.
De acordo com o Meio e Mensagem, o levantamento comparou os hábitos de consumo entre maio de 2024 e outubro de 2025, revelando que a proporção de consumidores que desistiram de compras internacionais por conta das taxas saltou de 13% para 38% no período. A medida, implementada em 1º de agosto de 2024, passou a tributar em 20% o valor de produtos importados adquiridos online, incluindo roupas, eletrônicos e acessórios — muitos deles ofertados em marketplaces populares como Shein, AliExpress e Shopee.
Perfil de quem desistiu das compras internacionais
Entre os consumidores que deixaram de comprar produtos importados, 51% têm ensino superior completo. A faixa etária mais afetada é composta por jovens entre 16 e 24 anos e adultos de 25 a 40 anos, que representam 46% do total. Já 45% dos desistentes possuem renda superior a cinco salários mínimos, segundo o levantamento.
Além da nova tributação, outros fatores também pesam na decisão de não concluir as compras. A pesquisa mostra que o custo do frete é um dos principais motivos para o abandono do carrinho: 45% dos consumidores desistiram após verificarem o valor da entrega, contra 40% em maio de 2024.
O ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) também teve impacto. O percentual de pessoas que deixaram de comprar por conta desse tributo subiu de 32% para 36% em pouco mais de um ano.
Consumidores migram para lojas nacionais
A retração nas compras internacionais abriu espaço para o fortalecimento do varejo nacional. O estudo da CNI e Nexus indica que o interesse por plataformas brasileiras aumentou de 22% para 32% no período analisado.
Além disso, houve um leve crescimento no número de pessoas que buscaram o mesmo produto em lojas físicas, passando de 13% para 14%, e também entre aquelas que procuraram itens semelhantes em outros sites internacionais, de 6% para 11%.
Os dados reforçam um movimento de repriorização do consumo no Brasil, impulsionado tanto pela tributação sobre importados quanto por custos logísticos mais altos. Com isso, o comércio eletrônico nacional pode se beneficiar de um público que, diante das novas taxas, tende a optar por alternativas locais com menor custo e entrega mais rápida.



