O varejo brasileiro tem acelerado cada vez mais o início das campanhas natalinas. Em 2025, lojas online começaram a destacar produtos típicos de Natal já na segunda quinzena de agosto, logo após o Dia dos Pais. Impulsionadas pelo ritmo ágil do comércio digital, lojas físicas também adiantaram sua comunicação, iniciando ações ainda em setembro, movimento que há pouco tempo era impensável para o setor, já que o tradicional era aguardar o Dia das Crianças para acender as luzes de Natal.
De acordo com a Folha de Londrina, a antecipação das vitrines e promoções natalinas, decoradas com bolas, laços e iluminações clássicas mesmo antes de dezembro, tornou-se estratégia recorrente. “O principal motivo é a gestão de fluxo e orçamento do consumidor”, afirma Luiz Monteiro, superintendente do Aurora Shopping Londrina. Ele explica que com a antecipação há uma diluição do movimento de pessoas, que antes se concentrava nas semanas finais de dezembro, o que permite ao consumidor mais tranquilidade e reduz filas, enquanto o lojista ganha previsibilidade e controla melhor operações e estoques.
Além disso, essa estratégia colabora para que diferentes perfis de cliente sejam atendidos: quem prefere compras planejadas se beneficia do tempo ampliado, já aqueles que optam pela compra próxima à data ainda contam com a oferta típica de última hora. Para Rodrigo Schmidt, coordenador de Desenvolvimento Empresarial da Fecomércio PR, “a extensão da campanha de Natal auxilia os compradores a planejarem melhor as suas compras por terem mais tempo para obterem informações sobre os produtos desejados”. Ele destaca ainda que a antecipação “ameniza a pressão sobre os sistemas de logística e entrega, evitando uma sobrecarga no período de fim de ano e melhorando a experiência do cliente”.
Para o atacado e lojas que abastecem outros varejistas, a programação é ainda mais antecipada. Segundo Cláudio de Oliveira, gerente da Atlântico Atacado, pedidos de mercadorias natalinas são fechados nos primeiros meses do ano, assim que o último Natal termina. “Entramos com o Natal um pouco mais cedo para que os lojistas se preparem. Não pela concorrência, mas para o cliente entrar no clima”, relata. A intenção é garantir que comerciantes tenham tranquilidade para planejar estoques e evitar encalhes, uma vez que produtos natalinos não vendidos ficam parados por quase um ano.
Apesar dos desafios macroeconômicos, como juros altos e redução no poder de compra, a expectativa para o Natal de 2025 é de crescimento nas vendas entre 5% e 10% em relação ao ano anterior, segundo estimativas dos entrevistados. Luiz Monteiro acredita em um “crescimento saudável, com foco em rentabilidade”, enquanto a Fecomércio PR projeta aumento nominal e real, impulsionado pelo bom desempenho da economia paranaense. O setor supermercadista prevê um avanço entre 5% e 7% nas vendas do período, com forte contribuição da Black Friday. “A Black Friday é uma interferência real. O cliente usa para comprar itens com grande desconto… Já o Natal fica reservado para os presentes mais simbólicos, emocionais e de tradição”, diz Maurício Bendixen.
O planejamento cuidadoso e a extensão do período de vendas de fim de ano mostram que a maturidade estratégica do varejo é cada vez mais essencial para atender às novas dinâmicas de consumo, ampliar oportunidades e minimizar riscos frente às oscilações do mercado.



