HP demitirá 6 mil funcionários até 2028 por conta da IA, afirma empresa

A HP comunicou que pretende cortar entre 4 mil e 6 mil cargos em todo o mundo até o fim do ano fiscal de 2028. A medida está relacionada a um plano de adoção mais intensa de IA em seus processos internos, com o objetivo de simplificar operações, elevar produtividade e reduzir custos.

Segundo o comunicado do CEO Enrique Lores, as áreas mais impactadas serão desenvolvimento de produtos, operações internas e suporte ao cliente. A empresa espera que a reestruturação gere uma economia bruta anual de US$ 1 bilhão a partir de 2028, embora o plano envolva gastos com reestruturação de cerca de US$ 650 milhões.

Analisando o cenário, a HP justifica a decisão com o crescimento da demanda por computadores preparados para IA. Segundo a empresa, PCs com recursos de IA já representam mais de 30% de suas vendas no quarto trimestre encerrado em outubro.

Especialistas do setor de tecnologia interpretam o movimento como parte de uma tendência global: empresas que adotam automação e IA para reduzir tarefas repetitivas e operacionais acabam reestruturando equipes que executavam essas funções. A expectativa é que funções de menor valor agregado sejam substituídas por sistemas automatizados, enquanto a empresa concentra investimento em desenvolvimento de produtos e inovação.

No entanto, a reestruturação também traz incertezas sobre o futuro do mercado de trabalho. Com um corte estimado de até 10% da força global — a HP tinha cerca de 58 mil empregados em 2024 — há preocupação sobre o impacto para trabalhadores com funções de suporte, data entry, logística e outras atividades administrativas que podem ser automatizadas.

Em nota pública, a HP afirma que a adoção da IA visa tornar os processos mais ágeis e eficientes, mas afirma ainda que pretende “ajustar a estrutura” de modo a manter a competitividade diante dos desafios do mercado. A empresa reconhece que o caminho inclui cortes, mas sustenta que a medida é necessária num momento em que os custos de componentes, como chips de memória, pressionam as margens de lucro, e a tecnologia exige adaptação para continuar competitiva.

Esta movimentação da HP reforça um debate mais amplo sobre a automação com IA e a transformação do trabalho: até que ponto a tecnologia deve substituir funções humanas, e como garantir a requalificação de profissionais que perdem seus empregos?

O anuncio da HP se soma a um padrão crescente no setor de tecnologia: empresas que buscam eficiência por IA acabam reduzindo equipes, levantando questões sobre segurança no emprego e futuro das profissões mais operacionais.

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