O setor varejista concentra hoje o pior nível de satisfação com bem-estar entre todos os segmentos avaliados pela 3ª edição do Check-up de Bem-Estar da Vidalink. Apenas 19% dos profissionais do varejo afirmam estar satisfeitos com o bem-estar geral, índice que coloca o setor no ponto mais crítico do levantamento. De acordo com o Viva.com.br, a pesquisa mostra que 40% desses trabalhadores não realizam nenhum cuidado voltado à saúde mental, 68% não praticam exercícios físicos, 48% avaliam negativamente a própria vida financeira e 65% convivem com ansiedade, apatia ou angústia no dia a dia.
Na outra ponta, a indústria apresenta os resultados mais positivos, com 36% de satisfação com a saúde física e 32% com o bem-estar geral. Ainda assim, o estudo indica que houve aumento da insatisfação dos trabalhadores em relação ao ano passado. Entre as mulheres, 29% declaram insatisfação, quatro pontos percentuais acima de 2024. Entre os homens, o índice chega a 17%, uma alta de cinco pontos percentuais.
A pesquisa revela que 30% dos trabalhadores não fazem qualquer tipo de cuidado ligado à saúde mental. As mulheres são as mais afetadas: sete em cada dez relatam ansiedade, desmotivação ou angústia frequente. Mesmo buscando mais suporte, 16% fazem terapia e 18% utilizam medicamentos, elas continuam apresentando os menores índices de satisfação com o bem-estar, que soma 21%.
O levantamento também aponta queda significativa na prática de exercícios físicos. Em 2025, apenas 41% dos entrevistados praticam atividades ao menos uma vez por semana, uma redução de 11 pontos percentuais. A alimentação também piorou: 66% afirmam ter hábitos inadequados, ante 48% no ano passado. A fadiga mental permanece elevada, com 63% relatando sentimentos negativos frequentes. A ansiedade afeta 34%, enquanto 19% enfrentam um quadro combinado de ansiedade e angústia, e outros 10% relatam apatia quase constante.
O recorte racial mostra discrepâncias importantes. Pessoas pretas e pardas enfrentam mais barreiras para cuidar da saúde e do bem-estar: 36% não realizam cuidados com a saúde mental, contra 24% da população branca. Apenas 27% se consideram satisfeitas com a saúde física, enquanto entre brancos o índice é de 35%. Na avaliação da qualidade do sono, a diferença também aparece: a insatisfação chega a 30% entre pretos e pardos, frente a 25% entre brancos. “Essas diferenças evidenciam que o bem-estar também é uma questão de equidade e acesso”, afirma Luis Gonzalez, CEO e cofundador da Vidalink. Para Lina Nakata, professora e consultora em Gestão de Pessoas que participou da análise dos dados, estratégias de DEI precisam considerar essas discrepâncias e oferecer mais suporte aos grupos mais impactados.
O estudo mostra ainda que a Geração Z é a mais insatisfeita. Trinta por cento dos jovens declaram insatisfação com o próprio bem-estar, e o grupo apresenta os índices mais altos de sentimentos negativos. Entre as mulheres da Gen Z, 72% relatam ansiedade, angústia ou desmotivação durante boa parte do dia; entre os homens, o índice chega a 51%. É também a geração que menos cuida da saúde mental: 35% das mulheres e 39% dos homens afirmam não fazer nada nesse sentido.



