Desde o lançamento do primeiro iPhone em 2007, o setor de tecnologia viveu uma transformação profunda: os teclados físicos deram lugar às telas sensíveis ao toque, moldando a era dos smartphones modernos. De acordo com o Tudo Celular, agora, uma nova revolução se desenha — e ela pode aposentar o teclado de vez.
De acordo com um estudo conduzido pela London School of Economics em parceria com a Jabra, o uso de inteligência artificial por comandos de voz deve se tornar a principal forma de interação com dispositivos até 2028, especialmente em ambientes domésticos.
Para a Geração Alfa, formada por pessoas nascidas após 2010, o teclado pode nem chegar a fazer parte da rotina. Em vez de digitar, esses usuários devem falar com os dispositivos primeiro e editar depois, transformando completamente a relação entre humanos e tecnologia.
Segundo Paul Sephton, diretor global de comunicação de marca da Jabra, “rascunhos iniciais de trabalhos tendem a ser gerados por fala, ficando a digitação restrita a refinamentos finais”.
Essa mudança reflete o modo natural do pensamento humano, descrito no estudo como ágil, conversacional e iterativo. Além de estimular a espontaneidade criativa, a interação por voz traz vantagens para quem realiza múltiplas tarefas, oferecendo maior liberdade durante deslocamentos e atividades cotidianas.
Entretanto, o avanço da comunicação por voz não está isento de desafios. Fabrice Cavarretta, professor de gestão da ESSEC Business School, observa que mensagens de voz carecem de recursos práticos, como busca por palavras-chave, facilidade de consulta e rastreabilidade. Já Bertrand Audrin, da EHL Hospitality Business School, alerta que a ausência de transcrição pode comprometer a responsabilização e a formalidade em ambientes profissionais.
O estudo também chama atenção para o choque geracional em curso. Enquanto as novas gerações se adaptam rapidamente à tecnologia por voz, jovens têm apresentado dificuldade em executar tarefas consideradas básicas por millennials e gerações anteriores — como organizar pastas em um computador.
Ainda que o avanço da IA de voz traga ganhos de eficiência e naturalidade, especialistas apontam que o desaparecimento do teclado pode redefinir competências essenciais no mercado de trabalho e exigir novas formas de alfabetização digital.



