As histórias por trás dos elementos presentes na decoração de interiores

A presença de elementos históricos segue influenciando projetos de interiores que buscam integrar passado e presente. Cada peça inserida em um ambiente carrega um percurso que explica sua permanência e reforça como objetos antigos continuam encontrando espaço nas propostas atuais. Arquitetas como Vanessa Paiva e Claudia Passarini desenvolvem trabalhos que valorizam esse repertório, recorrendo a materiais tradicionais e mobiliário de época para criar espaços conectados à memória.

O papel do resgate histórico no design contemporâneo

A incorporação de objetos herdados, móveis antigos e acabamentos tradicionais expõe como o tempo permanece registrado nas escolhas que compõem os ambientes. A mistura de referências transforma salas, dormitórios e áreas de passagem em espaços que comunicam histórias. Nos projetos do escritório Paiva e Passarini Arquitetura e Design, essa visão funciona como um eixo que guia a seleção de móveis, revestimentos e detalhes.

O carrinho de chá e sua adaptação no uso atual

Entre os itens que ganharam novas funções, o carrinho de chá aparece como um dos mais recorrentes. Criado no século XIX para auxiliar no serviço de bebidas, tornou-se comum em lares europeus e marcou presença em diferentes países.

Carrinho de chá (Imagem: Xavier Neto)

O móvel evoluiu ao longo das décadas e chegou ao design moderno, com nomes como Jorge Zalszupin reinterpretando sua estrutura. Nos projetos recentes, ele surge como peça decorativa, ocupando espaços de estar com composições de livros e arranjos, sem necessariamente manter sua função original.

Móveis antigos como elementos de destaque

Outra estratégia frequente é a reinterpretação de cadeiras e mobiliário de épocas passadas. No trabalho da dupla de arquitetas, uma cadeira de inspiração vitoriana foi reposicionada na entrada de um apartamento como objeto decorativo, deixando de lado o uso convencional. Essa abordagem reforça a prática de transformar peças antigas em pontos de atenção dentro do layout, sem descaracterizar sua origem histórica.

A permanência do papel de parede nos projetos

O papel de parede também integra o conjunto de elementos que atravessaram séculos. A técnica surgiu na China, muitos anos antes de ganhar espaço na Europa, onde foi empregada inicialmente em pequenos cômodos e móveis. O recurso substituiu tecidos considerados nobres e acabou sendo incorporado à decoração de diversas épocas.

Papel de parede (Imagem: Xavier Neto)

Hoje, mantém presença constante por sua capacidade de alterar superfícies com estampas variadas, funcionando como ferramenta para criar propostas clássicas ou modernas.

O ladrilho hidráulico e sua trajetória artesanal

Outro material que conserva relevância é o ladrilho hidráulico. Seu uso remonta ao século XIX e está associado à produção artesanal. O revestimento se destacou pelo potencial decorativo e pela variedade de desenhos. Em áreas externas e internas, aparece como alternativa resistente e flexível.

Ladrilhos hidráulicos (Imagem: Xavier Neto)

Nos projetos das arquitetas, o ladrilho foi aplicado em corredores e passagens, criando caminhos que integram paisagismo e revestimento.

A função dos baús e malas na composição contemporânea

As malas e os baús aparecem como peças que representam deslocamentos dos séculos XVIII e XIX. Objetos que antes serviam para transportar pertences passaram a ocupar funções de apoio, como mesas laterais ou volumes decorativos. A incorporação desses itens ocorre tanto com peças garimpadas quanto com objetos já presentes no acervo dos moradores, reforçando a ideia de permanência histórica.

O sofá curvo e sua evolução no design do século XX

Ao lado de elementos clássicos, surgem móveis que ganharam relevância mais recentemente. O sofá curvo é um deles. Com origem no início do século XX, tornou-se associado à busca por linhas mais fluidas, especialmente durante movimentos como o Art Déco e o modernismo orgânico.

Sofá curvado (Imagem: Xavier Neto)

O modelo aparece em salas de estar como peça que aproxima pessoas e organiza o fluxo do espaço, muitas vezes utilizado para delimitar áreas de convivência.

A presença do design brasileiro nos projetos atuais

Além das peças de época e materiais tradicionais, o design brasileiro compõe parte essencial desses ambientes. Entre os nomes incorporados está Sérgio Rodrigues, cuja produção em madeira e couro marcou diferentes fases do mobiliário nacional. Em um dos projetos, a poltrona Xibó foi escolhida para compor uma área destinada a degustação de vinhos, estabelecendo um diálogo direto com a marcenaria local.

O retorno da palhinha aos ambientes contemporâneos

A palhinha encerra o conjunto de materiais resgatados. Com origem antiga e grande presença nos anos 1950, o trançado voltou a integrar cadeiras, cabeceiras e bancadas em projetos brasileiros.

Móveis de palhinha (Imagem: Xavier Neto)

Sua aplicação reforça a busca por recursos naturais que possam compor diferentes linguagens estéticas, permitindo que ambientes combinem referências históricas com leituras atuais.

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