Quase quatro décadas depois de se tornar um ícone dos anos 1980, a Ferrari Testarossa está de volta. E não apenas como um resgate nostálgico: a nova geração, batizada Ferrari 849 Testarossa, chega como herdeira direta da SF90 e traz para o presente um nome histórico com um conjunto técnico digno de redefinir os limites da marca italiana.
Sob o capô, a receita é arrebatadora: 1.050 cv de potência combinada entre um V8 biturbo de 830 cv — evolução da consagrada família F154 — e três motores elétricos inspirados na Fórmula 1, capazes de adicionar mais 220 cv. O resultado coloca a nova Testarossa como o modelo híbrido mais potente já produzido pela Ferrari, acelerando de 0 a 100 km/h em apenas 2,3 segundos e ultrapassando os 330 km/h de velocidade máxima.
A tração integral elétrica, aliada à vetorização de torque, garante desempenho impressionante não só em linha reta, mas principalmente em curvas. No circuito de Fiorano, em Maranello, a cupê cravou 1’17’’500, um tempo de referência, enquanto a versão Spider — 90 kg mais pesada devido à capota rígida retrátil — marcou 1’18’’100. Ambos os modelos oferecem ainda uma autonomia de 25 km em modo 100% elétrico, com tração dianteira.
Design que mistura passado e futuro

O design da 849 Testarossa dialoga com o legado da Ferrari. As linhas alongadas remetem a modelos clássicos como a 512 S e a 512 M, enquanto a traseira “twin tail” faz referência direta aos protótipos esportivos dos anos 1970. O spoiler ativo consegue variar entre baixa resistência e carga máxima em menos de um segundo, entregando até 415 kg de downforce a 250 km/h — 25 kg a mais que na SF90.
O resfriamento também evoluiu: segundo a Ferrari, a eficiência aumentou em 15%, auxiliada pelas rodas forjadas de 20 polegadas, projetadas para extrair ar quente dos freios. Tudo pensado para unir eficiência aerodinâmica, estilo e desempenho.
Tecnologia e experiência ao volante
A cabine aposta no equilíbrio entre minimalismo e opulência. O painel foi redesenhado, os comandos físicos retornaram ao volante — atendendo às críticas da SF90 — e a multimídia foi simplificada. Recursos como Apple CarPlay, Android Auto e MyFerrari Connect estão presentes, além de carregamento sem fio para smartphones.
Mas o destaque tecnológico é o sistema FIVE (Ferrari Integrated Vehicle Estimator), um “gêmeo digital” que replica em tempo real o comportamento do carro, com margens de erro mínimas: menos de 1 km/h na velocidade e menos de 1° no esterçamento. Ele atua nos bastidores para garantir máxima precisão e estabilidade.
Spider e Fiorano: exclusividade em dose dupla

A versão Spider transforma o cupê em conversível em apenas 14 segundos, mesmo em movimento a até 45 km/h. Mais pesada, mas igualmente brutal, promete ser a mais disputada pelos colecionadores. Já o pacote Assetto Fiorano, que reduz 30 kg e adiciona ajustes específicos de suspensão e aerodinâmica, é voltado para quem deseja explorar o carro em pista.
Disponibilidade e futuro
As encomendas já estão abertas, com as primeiras entregas previstas para o primeiro semestre de 2026 no caso da versão cupê, enquanto a Spider chega no segundo semestre.
O retorno da Testarossa mostra como a Ferrari consegue mesclar tradição e inovação. Ao mesmo tempo em que revive um nome lendário, a marca projeta seu futuro em direção à eletrificação de alta performance, sem abrir mão da essência sonora e emocional que sempre definiu seus supercarros.
A pergunta que fica não é se a nova Testarossa será desejada — isso já é fato —, mas como ela ajudará a moldar a próxima geração de Ferraris híbridas e, inevitavelmente, elétricas.



