Cuidados ao importar na Black Friday 2025

Black Friday

Com a Black Friday 2025 se aproximando, cresce o interesse dos consumidores brasileiros em aproveitar ofertas internacionais. Plataformas globais como Amazon, Shein, Temu e AliExpress seguem ampliando o acesso a produtos importados, mas a popularização dessas compras também trouxe um conjunto de riscos que vai desde cobranças ocultas até fraudes digitais mais sofisticadas.

Os dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) ilustram esse movimento: em fevereiro de 2025, as importações totais avançaram 27,6% em relação ao mesmo período de 2024, impulsionadas pela alta demanda por mercadorias vindas do exterior. O fluxo crescente reforça o interesse do consumidor por preços competitivos e grande variedade, mas também evidencia a necessidade de atenção redobrada durante o período promocional.

Para Adriano Murta, advogado especialista em direito tributário e investimentos internacionais, muitos compradores ainda desconhecem os custos reais envolvidos em compras feitas em sites estrangeiros. “Muitos consumidores ainda desconhecem os custos adicionais que incidem sobre compras feitas em sites estrangeiros. O preço exibido na loja estrangeira raramente é o preço final. Além do valor do produto, há imposto de importação, ICMS, taxa de despacho postal e eventuais custos de câmbio e frete. Se o site não incluir essas tarifas no cálculo total, o produto pode ficar retido na alfândega e gerar cobranças inesperadas”, alerta.

E as reclamações confirmam a preocupação. Segundo a Secretaria Nacional do Consumidor, a semana da Black Friday de 2024 registrou mais de 35 mil queixas, muitas relacionadas a cobranças indevidas, atrasos e retenções causadas por pendências tributárias. O especialista reforça que o consumidor deve diferenciar compras para uso pessoal de operações destinadas à revenda, que exigem registro formal, nota fiscal e recolhimento de tributos conforme regras de comércio exterior.

A etapa de pagamento também exige atenção especial. Com a disseminação de ferramentas de IA, cresceu o número de fraudes e sites falsos que simulam páginas de varejistas conhecidos ou criam ofertas impossíveis de verificar. Uma pesquisa do Reclame Aqui, realizada em agosto de 2025, aponta que 63% dos consumidores não conseguem identificar golpes produzidos com IA durante o período da Black Friday. Murta reforça a importância de confirmar se a plataforma emite comprovantes na moeda correta e utiliza métodos de pagamento confiáveis. “Sites falsos ou clonados aumentam muito nesta época, e o consumidor pode acabar sem o produto e sem a possibilidade de reembolso, já que empresas estrangeiras muitas vezes não estão sujeitas à jurisdição brasileira”, comenta.

Outro alerta recorrente é o chamado “desconto ilusório”, quando o preço promocional não reflete os encargos de importação. “É comum que o valor promocional não inclua impostos, o que faz o produto parecer mais barato do que realmente é. Antes de concluir a compra, o consumidor deve simular o preço final com todos os encargos e exigir nota fiscal e conformidade com as regras da Receita Federal”, afirma Murta.

Para evitar prejuízos, o especialista recomenda alguns passos básicos antes de fechar qualquer compra internacional: checar a reputação do vendedor, revisar a política de devolução, calcular o custo total com impostos e verificar o prazo real de entrega. Também é importante guardar todos os comprovantes da transação, que servem como prova em disputas ou solicitações de reembolso.

Apesar dos riscos, Murta ressalta que a Black Friday segue sendo uma boa oportunidade, desde que o consumidor esteja atento às obrigações fiscais e à segurança digital. “O entusiasmo pelas promoções não pode superar o cuidado com a legalidade e a transparência das operações. Mesmo em períodos de grandes descontos, toda compra internacional precisa seguir as regras da Receita Federal e considerar os encargos envolvidos. Assim, o consumidor evita prejuízos e mantém sua segurança jurídica e financeira”, finaliza.

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