O avanço da digitalização no varejo e nos serviços tem colocado a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) no centro das discussões sobre governança e competitividade, especialmente entre micro e pequenas empresas, que representam 99% dos negócios no Brasil, segundo o Sebrae. Embora muitos empreendedores ainda associem o tema a altos investimentos e complexidade técnica, especialistas afirmam que a adequação pode começar com ações simples e acessíveis.
Para o advogado Edgard Dolata, especialista em LGPD e sócio da Legal Comply e Dopp Dolata Advogados, a proteção de dados se tornou um requisito básico de sobrevivência empresarial. “Há uma falsa ideia de que segurança digital é assunto para grandes corporações. Mas as micro e pequenas empresas estão entre as mais vulneráveis a ataques e sanções da ANPD”, afirma.
Dados recentes da Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD) reforçam o alerta. O número de denúncias contra empresas de pequeno porte cresceu 37% no primeiro semestre de 2025, em grande parte por falhas em campanhas digitais e ausência de políticas de privacidade.
Segundo Dolata, o primeiro passo é estruturar uma governança mínima de dados, com foco na clareza de processos internos. “A conformidade não exige grandes investimentos, mas sim clareza sobre quem acessa as informações, como são armazenadas e qual o destino dos dados após o uso”, explica.
Entre as medidas mais eficazes e econômicas, o especialista destaca cinco frentes de ação:
- Nomear um responsável interno pela privacidade e segurança da informação, mesmo que acumule outras funções.
- Criar uma política simples de uso de dados, que oriente colaboradores e parceiros.
- Revisar permissões de acesso e implementar autenticação em dois fatores em sistemas críticos.
- Realizar backups automáticos e testados, garantindo continuidade do negócio em caso de incidentes.
- Treinar a equipe para reconhecer golpes digitais, como phishing e falsos e-mails de fornecedores.
De acordo com o advogado, o erro mais comum entre pequenos empreendedores é adiar medidas por acreditarem que a fiscalização não os atingirá. “Com a transformação digital acelerada e o aumento de denúncias online, a ANPD já monitora setores antes invisíveis, como e-commerces regionais, escolas e escritórios de serviços”, afirma.
Dolata reforça que a proteção de dados é uma estratégia de longevidade empresarial. “A proteção de dados não é luxo, é requisito de sobrevivência também para pequenos negócios. Cada senha trocada, cada política escrita e cada colaborador treinado representam um passo concreto para proteger a marca e o cliente”, conclui.



