O governo federal anunciou, durante a COP30, a ampliação do Recircula Brasil, plataforma nacional dedicada ao rastreio e à certificação da circularidade de materiais recicláveis. O vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), Geraldo Alckmin, e o presidente da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), Ricardo Cappelli, apresentaram a novidade no Pavilhão Brasil, destacando a entrada da Associação Brasileira do Alumínio (Abal) por meio de um Acordo de Cooperação Técnica. A plataforma, antes focada no setor de plásticos, passa agora a contemplar também as cadeias de vidro, papel e têxtil.
A expansão fortalece a política de logística reversa e a agenda de economia circular no país, com impactos diretos na competitividade industrial e no comércio internacional. Alckmin destacou a eficiência do processo de reciclagem, usando a cadeia do alumínio como exemplo. “À medida que eu pego a latinha e faço a reciclagem, ela precisa de muito menos energia para virar a lata de novo. Ela vai virar a lâmina de alumínio, a bobina, depois, e essa latinha vai ficar muito mais barata”, afirmou.
Ele reforçou o caráter infinito da reciclagem do alumínio: “No caso do alumínio, pode ser reciclada em infinitas vezes. Ela não perde o material do produto. Você pode fazer essa reciclagem n vezes, gerando emprego em toda a cadeia, economizando energia, tornando o produto mais barato e ajudando o meio ambiente, com menor emissão”, complementou.
Cappelli ressaltou que a ampliação consolida o papel do Recircula Brasil como referência nacional. A plataforma já rastreou e certificou cerca de 50 mil toneladas de plástico reciclado por meio de notas fiscais eletrônicas. “Esse é um momento muito importante porque a gente dá mais um passo na consolidação de uma plataforma que é referência, hoje, nacional”, explicou. Ele destacou ainda que o uso da ferramenta melhora o posicionamento da indústria brasileira no comércio global, ao oferecer rastreabilidade padronizada para diferentes cadeias produtivas. “A plataforma também garante um diferencial competitivo para a indústria, para os produtos brasileiros e um selo de sustentabilidade, um certificado para a nossa indústria”, afirmou.
O anúncio também dialoga com a Declaração de Belém, lançada na COP30 e assinada por 35 países e organizações internacionais, consolidando uma agenda global de industrialização verde. A diretora de Economia Sustentável e Industrialização da ABDI, Perpétua Almeida, celebrou o avanço. “A plataforma Recircula é hoje patrimônio do Estado brasileiro e servirá ao planeta. Nasceu para enfrentar um problema estrutural que é de todos na economia”, disse. Segundo ela, o recurso oferece “rastreabilidade, de dados confiáveis e de certificação independente que permitam ao Brasil avançar em circularidade, descarbonização e competitividade”, reforçando sua importância para a política industrial.
O Recircula Brasil já envolve mais de 300 fornecedores e clientes de setores como alimentos, bebidas, construção civil e eletroeletrônicos, apenas na cadeia do plástico. A inclusão de novos segmentos amplia o alcance da plataforma e reforça a necessidade de integrar os catadores ao processo. O secretário Nacional de Meio Ambiente Urbano e Qualidade Ambiental do Ministério do Meio Ambiente, Adalberto Maluf, destacou o papel dessas organizações. “A gente precisava de uma boa plataforma de rastreabilidade, uma plataforma transparente, que vai facilitar o trabalho da indústria e, ao mesmo tempo, garantir que a gente consiga monitorar desde a cooperativa”, afirmou.
A ABDI também anunciou uma nova governança de dados, que centraliza informações estratégicas com interoperabilidade nacional e ponto único de acesso para a fiscalização ambiental (MMA) e para o monitoramento da circularidade industrial (MDIC). O objetivo é que o Recircula Brasil seja reconhecido, ainda em 2025, como instrumento oficial para verificação das metas de circularidade do plástico.
A presidente da Abal, Janaína Dornas, reforçou o caráter pioneiro da iniciativa. “Isso é um passo que demonstra que existe uma grande convergência e que ela é inédita nas agendas ambiental, industrial e também comercial do país. E é justamente essa convergência que o Recircula Brasil simboliza”, afirmou. Ela destacou ainda o desafio de obter dados confiáveis na cadeia do alumínio e o potencial da plataforma para garantir rastreabilidade ampla. “Ela é uma referência não só pelo desenho, pelo monitoramento, pela fiscalização de políticas públicas de circularidade, mas também porque ela é uma ferramenta tecnológica. Ela é um instrumento de coerência entre políticas. Isso é algo realmente inédito”, concluiu.



