Com a expansão da mobilidade elétrica, o desafio de tornar as baterias de veículos elétricos (EVs) sustentáveis vai muito além da produção — passa pela capacidade de reciclar de forma eficiente seus materiais críticos. Segundo o Inside EVs, as baterias são os componentes mais complexos, caros e ambientalmente sensíveis de um carro elétrico, e a extração de lítio, cobalto, níquel e terras raras levanta crescentes questionamentos éticos e ambientais.
A China, maior produtora mundial de baterias, avança rapidamente nesse campo. Segundo o CarNewsChina e dados da IT-Home, empresas chinesas já conseguem recuperar até 99,6% de níquel, cobalto e manganês, além de 96% a 98% de lítio. Esses índices são superiores às metas da União Europeia, que pretende alcançar cerca de 90% de recuperação apenas no final da década.
O desempenho chinês é resultado direto dos padrões nacionais de reciclagem de baterias implementados pelo Ministério da Indústria e Tecnologia da Informação (MIIT) e da atuação de grandes players como a CATL, líder global na produção de baterias. Sua subsidiária, Guangdong Brunp Recycling Technology, opera mais de 200 unidades de reciclagem e planeja expandir a capacidade para 1 milhão de toneladas de baterias descartadas, empregando processos automatizados e técnicas de hidrometalurgia (lixiviação ácida) para obter materiais de alta pureza.
Esses padrões se estendem não apenas a baterias automotivas, mas também a soluções de armazenamento de energia, aplicações marítimas e uso industrial, consolidando um modelo de economia circular que reduz a dependência da mineração e o impacto ambiental.
A China também vem assumindo papel central na padronização internacional da reciclagem de baterias, com cerca de 40 especialistas participando de comitês técnicos que definem normas globais sobre reaproveitamento, desempenho e classificação para segunda vida.
Nos Estados Unidos, empresas como a Redwood Materials atingem até 95% de recuperação dos principais metais de baterias EV, mas ainda enfrentam o desafio de escalar suas operações. O Inflation Reduction Act buscava reduzir a dependência da cadeia chinesa ao classificar materiais reciclados como “nacionais” para fins de subsídio, mas cortes recentes em incentivos e a lenta expansão da infraestrutura de reciclagem dificultam o avanço norte-americano no curto prazo.



