O comércio eletrônico brasileiro vive um paradoxo: o apetite por ofertas nunca foi tão alto, mas as barreiras no pagamento seguem travando boa parte das vendas. Na Black Friday de 2024, o e-commerce movimentou R$ 9,38 bilhões entre quinta-feira e domingo, segundo a Neotrust, alta de 10,7% em relação ao ano anterior. Ainda assim, mais de 80% das compras iniciadas não são concluídas, de acordo com o E-commerce Radar.
A principal explicação está na renda e no crédito. Segundo a Confederação Nacional do Comércio (CNC), 78,2% das famílias brasileiras começaram 2025 endividadas, o maior índice desde 2010. O cenário limita o consumo e impacta diretamente o desempenho do varejo em datas como a Black Friday.
“Grande parte dos consumidores quer comprar, mas não consegue pagar. Oferecer alternativas além do cartão é o que transforma intenções em conversão”, afirma Reinaldo Boesso, CEO e cofundador da TMB, fintech de São José dos Campos (SP) especializada em soluções de crédito via boleto e Pix parcelado.
Cartões no limite e checkout travado
A pesquisa Pagamentos Disruptivos, da OneKey Payments, revelou que 82% dos consumidores abandonam o carrinho durante o checkout, e as falhas na etapa de pagamento, como limite insuficiente e problemas de autenticação bancária, são as principais causas.
De acordo com Boesso, o brasileiro tem em média R$ 1.400 de limite no cartão de crédito, enquanto o ticket médio de um curso online passa de R$ 1.900. “É um problema de crédito, não de interesse. O cliente quer comprar, mas o sistema não o deixa”, explica o executivo.
A TMB vem se destacando entre criadores de conteúdo e infoprodutores, oferecendo parcelamento por boleto e Pix, o que permite a venda de cursos e mentorias sem depender do limite do cartão do cliente final.
Pix parcelado ganha força no e-commerce
O uso do Pix parcelado desponta como uma das principais soluções para destravar vendas digitais. Ao contrário do cartão, ele não depende de limite pré-aprovado e tem processamento instantâneo.
Dados da Reuters mostram que o valor transacionado via Pix durante a Black Friday de 2024 mais que dobrou, saltando de R$ 58,9 bilhões para R$ 130 bilhões. O avanço reflete tanto a confiança dos consumidores quanto o esforço de empresas em buscar meios de pagamento mais acessíveis e previsíveis.
Segundo estudo da EBANX e PCMI, o Pix deve ultrapassar o cartão de crédito no e-commerce em 2025, respondendo por 44% das transações online, contra 41% dos cartões.



