Black Friday do e-commerce: crescimento de 16,1% e recorde de transações online em 2025

A Black Friday 2025 consolidou a força do e-commerce no Brasil e transformou o dia em um marco da migração acelerada do consumidor para o digital. Nunca houve tantas transações online na História: 32,8 milhões de transações no dia. De acordo com o Índice Cielo do Varejo Ampliado (ICVA), o e-commerce cresceu 16,1% em comparação com a data de 2024. Enquanto o varejo físico registrou retração de 1,9%, evidenciando a mudança estrutural no comportamento dos consumidores. Por isso, o varejo total brasileiro cresceu 1,9% em relação ao mesmo dia do ano passado.

Embora seja o menor avanço desde 2019 — desconsiderando 2020, quando o indicador recuou por conta da pandemia — o resultado ocorre sobre uma base excepcionalmente elevada: no ano passado, a mesma data havia registrado alta de 16%, o que torna o avanço significativo. Além disso, 2024 e 2025 tiveram uma particularidade: ambos coincidiram com o dia de pagamento e liberação do 13º salário, o que tende a neutralizar esse efeito calendário.

Os dados sugerem que, no varejo presencial, houve uma diluição das compras ao longo das duas primeiras semanas de novembro — movimento observado pela Cielo antes da data — o que ajuda a explicar o menor crescimento na sexta-feira. Já no digital, o padrão se manteve: pico de compras na virada da madrugada, forte concentração de transações online e tíquetes mais elevados.

Entre os macrossetores, Serviços se destacou com alta de 10,8%, impulsionado pelo crescimento expressivo de Turismo & Transporte (18,6%). Drogarias e Farmácias avançaram 6,1%.

Já o setor de bens duráveis e semiduráveis registrou queda de 3,2%. A retração em categorias de maior valor agregado pode estar relacionada ao ambiente de crédito mais restrito e ao elevado endividamento das famílias. Os valores das compras reforçam essa sensibilidade: em bens duráveis, o tíquete médio geral foi de R$ 247,11, mas chegou a R$ 810,46 quando a compra foi parcelada, indicando forte dependência do crédito nesse segmento.

No e-commerce, todos os macrossetores cresceram: Serviços (19,4%), Bens Não Duráveis (10,6%) e Bens Duráveis e Semiduráveis (6,2%), consolidando o ambiente digital como protagonista da data.

Em relação à forma de pagamento, o crédito parcelado foi o produto com maior tíquete médio (R$ 813,67) no geral. Já no e-commerce, a modalidade representou 70,4% do faturamento com tíquete acima de R$ 1.100. No varejo físico, o débito à vista seguiu dominante em volume (58,6% das vendas), e o Pix teve participação relevante, com 6,9% das transações presenciais.

A análise por renda indica um comportamento distinto entre canais. No varejo físico, as classes baixa (36,3%) e média renda (35,4%) concentraram cerca de 70% do faturamento. Já no e-commerce, a altíssima renda foi responsável por 46,3% do faturamento, com tíquete médio de R$ 657,72, enquanto os grupos de baixa e média renda lideraram em volume de compras.

Regionalmente, houve forte heterogeneidade. Apenas a região Sul registrou crescimento (0,6%), enquanto Norte (-3,2%) e Nordeste (-3,3%) apresentaram as maiores retrações. Entre os estados, Santa Catarina (3,7%) teve o melhor desempenho, enquanto Amazonas (-6,9%) e Pará (-5,8%) registraram as quedas mais acentuadas. A mudança de liderança regional é significativa: nas primeiras semanas de novembro, o Nordeste concentrava a alta do varejo, mas na sexta-feira apenas o Sul sustentou crescimento.

“A Black Friday 2025 confirma a força do e-commerce no Brasil, com consumidores cada vez mais conectados e exigentes. Os dados mostram uma mudança estrutural na forma de consumir: parte das compras do varejo físico foi antecipada ao longo do mês, enquanto o digital concentrou o pico na madrugada. Mesmo com um crescimento mais moderado na sexta-feira, a data continua sendo um termômetro preciso do varejo brasileiro — e reforça a importância de investir em tecnologia, integração de canais e estratégias orientadas por dados”, afirma Carlos Alves, vice-presidente de Negócios.

Sobre o ICVA

O Índice Cielo do Varejo Ampliado (ICVA) acompanha mensalmente a evolução do Varejo brasileiro, de acordo com as vendas realizadas em 18 setores mapeados pela Cielo, desde pequenos lojistas a grandes varejistas. O peso de cada setor no resultado geral do indicador é definido pelo seu desempenho no mês.

O ICVA foi desenvolvido pela área de Business Analytics da Cielo com o objetivo de oferecer, mensalmente, uma fotografia do comércio varejista do país a partir de informações reais.

Como é calculado

A unidade de Business Analytics da Cielo desenvolveu modelos matemáticos e estatísticos aplicados à base da companhia com o objetivo de isolar os efeitos do mercado de credenciamento — como variação de market share, substituição de cheque e dinheiro no consumo, bem como o surgimento do Pix. Dessa forma, o indicador não reflete somente a atividade do comércio pelo movimento com cartões, mas, sim, a real dinâmica de consumo no ponto de venda.

Esse índice não é, de forma alguma, prévia de resultados da Cielo, que são impactados por uma série de outras alavancas, tanto de receitas quanto de custos e despesas.

Entenda o índice

ICVA Nominal – Indica o crescimento da receita nominal de vendas no Varejo Ampliado do período, comparado ao mesmo período do ano anterior. Reflete o que o varejista de fato observa nas suas vendas.

ICVA Deflacionado – ICVA Nominal descontado da inflação. Para isso, é utilizado um deflator calculado a partir do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), apurado pelo IBGE, ajustado ao mix e aos pesos dos setores contidos no ICVA. Reflete o crescimento real do Varejo, sem a contribuição do aumento de preços.

ICVA Nominal/Deflacionado com ajuste de calendário – ICVA sem os efeitos de calendário que impactam determinado mês/período, quando comparado com o mesmo mês/período do ano anterior. Reflete como está o ritmo do crescimento, permitindo observar acelerações e desacelerações do índice.

ICVA E-commerce – Indicador do crescimento da receita nominal no canal de vendas online do Varejo, no período em comparação com o período equivalente do ano anterior.

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