Pesquisa revela: 43% dos colaboradores não confiam totalmente em seus líderes

A confiança entre líderes e equipes ainda é um desafio dentro das empresas brasileiras. É o que mostra o estudo Panorama Gestão de Pessoas – Liderança, realizado pela Sólides em parceria com a Offerwise. Enquanto 76% dos líderes acreditam que seus times confiam neles, a percepção dos colaboradores é bem diferente: 43% dizem confiar apenas em parte ou não confiar de forma alguma.

O levantamento, feito com 657 profissionais de empresas de diferentes portes e setores em todo o país, expõe um descompasso de expectativas que vai além da confiança. No quesito comunicação, por exemplo, 63% dos líderes afirmam estar sempre abertos a ouvir suas equipes. Do outro lado, 59% dos colaboradores não sentem que suas opiniões sejam de fato consideradas.

A disparidade também aparece quando o tema é mediação de conflitos. Para 64% dos gestores, essa é uma habilidade em que estão preparados. Já entre os liderados, apenas 40% avaliam essa competência como excelente em seus superiores. “As empresas precisam compreender que a qualidade da relação entre líderes e equipes impacta diretamente no engajamento e nos resultados. Existe um espaço claro para evolução e para alinhar percepções, fortalecendo a confiança mútua”, avalia Távira Magalhães, diretora de RH (CHRO) da Sólides.

Outro destaque da pesquisa são as expectativas de carreira. Quase metade dos colaboradores (49%) deseja ocupar cargos de liderança no futuro — número que sobe para 61% entre os jovens de 18 a 24 anos. Já entre profissionais de 35 a 44 anos, 42% ainda não sabem se querem assumir essa responsabilidade. “As novas gerações estão motivadas a liderar, mas também reconhecem os desafios que essa posição carrega. Isso mostra a necessidade de programas de desenvolvimento mais personalizados, que respeitem diferentes momentos da carreira”, completa Magalhães.

Do lado dos gestores, os principais desafios no dia a dia incluem manter a motivação das equipes (21%), lidar com conflitos (12%) e reter talentos (11%). Para os colaboradores, no entanto, os pontos que mais precisam de atenção são saúde mental e bem-estar (18%) e o desenvolvimento de pessoas (13%).

O tema saúde mental, aliás, segue cercado de barreiras. Apesar de 92% dos líderes afirmarem sentir-se confortáveis em abordar o assunto, apenas 61% dos colaboradores compartilham da mesma visão. Para um em cada três, o tema ainda é um tabu. O equilíbrio entre vida pessoal e trabalho, por sua vez, apresenta uma percepção mais positiva: 62% dos líderes e 57% dos colaboradores consideram que esse limite é respeitado em suas empresas.

A pesquisa também traçou o perfil médio dos participantes: líderes recebem remuneração média de R$ 8.361,82 e ocupam cargos que vão de supervisores a executivos C-Level. Já os liderados têm salário médio de R$ 2.913,14, em funções de assistente, analista e especialista.

Realizado entre 16 de junho e 4 de julho de 2025, o levantamento reuniu homens (38%) e mulheres (62%) de diferentes classes sociais e áreas de atuação. Para além dos números, o estudo reforça uma pauta central no ambiente corporativo: confiança e diálogo são ativos estratégicos que podem definir o futuro da gestão de pessoas no Brasil.

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